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edifício ferraz

2019 | Porto

Em pleno Centro Histórico do Porto, Património Mundial da Unesco, deparamo-nos com um edifício em ruína, reduzido à robustez das suas pareces exteriores de granito.

O desafio passou por idealizar um habitáculo interior contemporâneo que partindo desta pré-existência, recriasse um programa de espaços e materiais com fortes referências à arquitetura oitocentista do Porto.

Atualmente o edifício compreende dois espaços habitacionais e um espaço com vocação comercial. As habitações organizam-se em duas unidades autónomas que se sobrepõem, uma de tipologia T0 e uma outra de tipologia T3.

Encontrando-se num gaveto que divide dois arruamentos com acentuados desníveis, o edifício adapta-se a esta morfologia, apresentando entradas a diferentes níveis. Um, à cota mais baixa, a partir da Rua da Vitória, oferece acesso ao espaço comercial. Outro, à cota mais alta, desde a Travessa do Ferraz, garante o acesso às habitações.

A construção implanta-se num tramo bastante estreito dos arruamentos, criando uma grande proximidade entre as fachadas dos primeiros pisos. Apenas o último se eleva relativamente à envolvente, projetando a vista sobre o Centro Histórico a partir de uma generosa varanda.

Por se tratar de uma reabilitação, a intervenção preconizou uma aproximação aos materiais e técnicas construtivas originais. As paredes de alvenaria existentes foram reabilitadas e preparadas para receber a nova estrutura. Um conjunto de vigas estruturais em madeira apoiam tetos e pisos no mesmo material, ficando estes intercalados por barrotes e materiais de isolamento térmico e acústico. Vigas metálicas perimetrais fixadas às paredes de alvenaria de pedra e ligadas aos elementos estruturais de madeira estabilizam o conjunto.

Todos os vãos receberam novos caixilhos exteriores em madeira maciça. Todos os elementos em ferro foram restaurados. O corpo superior, recuado, foi revestido a zinco nas paredes e em telha cerâmica na cobertura de duas águas, em diálogo com a sua envolvente próxima e enquadrando-se na paisagem do centro histórico.

A estrutura de madeira à vista, o branco que une paredes e tetos, o cinzento dos móveis, e a cor quente da madeira que reveste o chão são os elementos contínuos que contribuem para a fluidez dos espaços.

As opções subjacentes a esta intervenção tiveram em conta as exigências atuais de conforto e salubridade, nomeadamente no que diz respeito ao cuidado com a ventilação dos espaços e diminuição das perdas térmicas, bem como o acondicionamento ordenado e oculto das infraestruturas necessárias.

Todas as intervenções referidas foram norteadas pelo princípio da reversibilidade, no máximo respeito pelas pré-existências.

Fotografia:

Dono de Obra:

Construtor:

Capintaria:

Estabilidade:

Instalações telefónicas e telecomunicações / Instalações eletromecânicas / Comportamento térmico e acústico:

Redes prediais de águas e esgotos:

Inês D'Orey

Marco Manuel Marcelo Magalhães

Justino Silva Construções, Unipessoal, Lda.

Feitios e Tamanhos – Carpintarias, Lda.

POLIEDRO – Centro de Projetos de Construção, Lda.

Enescoord – Coordenação Gestão de Projetos e Obras, Lda

Fernanda Valente, Unipessoal, Lda.

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